quarta-feira, 12 de junho de 2013

Filme: Mestres da Ilusão (2013)

Mestres da Ilusão elabora actos de ilusionismo brilhantes e os mistérios, embora resolvidos rapidamente, suscitam curiosidade. Todavia, a promessa criada nos espectáculos dos Quatro Cavaleiros prescreve-se num argumento pobre que se concentra demasiado no procedimento policial.

Quatro ilusionistas – Daniel Atlas (Jesse Eisenberg), Henley Reeves (Isla Fisher), Jack Wilder (Dave Franco) e Merritt McKinney (Woody Harrelson) – são reunidos por quatro misteriosas cartas da autoria de um grupo secreto e os Quatro Cavaleiros são constituídos. No primeiro dos seus espectáculos, os Quatro Cavaleiros roubam em directo um banco francês, a milhares de quilómetros, e distribuem o dinheiro pela sua audiência. O agente do FBI Dylan Rhodes (Mark Ruffalo) toma conta da investigação, à qual se junta uma agente da Interpol, Alma Vargas (Mélanie Laurent). Rhodes e Vargas tentam desvendar os segredos por detrás das actuações dos Quatro Cavaleiros e impedir que mais roubos sejam perpetrados.  

O principal problema em Mestres da Ilusão concentra-se na execução de uma premissa errada, quiçá ilusória: a noção que a componente investigativa e policial do enredo se impõe à componente fantástica, ardilosa e mesmo mitológica que envolve os espectáculos e as artimanhas dos Quatro Cavaleiros. O proveito do filme é recolhido quando os mistérios a envolver os grandiosos e espectaculares actos de ilusionismo se aguçam e fazem coçar a cabeça. Todavia, grande parte destes mistérios é resolvida prematuramente, em quase infanticídio, e a componente fantástica é suprimida brutalmente para dar lugar a uma investigação policial aborrecida, mergulhada em convencionalismos e frases feitas. Que os Quatro Cavaleiros permanentemente passem a perna ao FBI de forma astuta é admissível, mas que, constantemente, o FBI seja reduzido a uma inútil equipa de amadores cujo propósito é o instante cómico e ridículo é impraticável.   

À parte de um certo “robin-hoodismo”, as motivações dos Quatro Cavaleiros nunca se tornam claras. O seu objectivo é juntar-se ao grupo O Olho, uma espécie de sociedade secreta com origens no Antigo Egipto. O propósito que os leva a dedicar um ano da sua vida e arriscar uma sentença de prisão nunca é, no entanto, colocado em evidência, nem o argumento se desdobra em explicações sobre essa misteriosa sociedade secreta. Para o final, Mestres da Ilusão reserva uma reviravolta. Não obstante agradável e algo inesperada, é uma inversão de acontecimentos que provavelmente não fará sentido à luz de todo o enredo (sobretudo em visualizações repetidas). Ademais, adultera o conceito altruísta dos espectáculos dos Quatro Cavaleiros, metamorfoseando-o numa vendeta fria e meticulosa. 
    
O elenco de Mestres da Ilusão tem alguns nomes sonantes, mas nenhum oferece mais do que os pré-requisitos necessários para o cumprimento regular dos seus papéis. Dos Quatro Cavaleiros, Jesse Eisenberg é, discutivelmente, o mais à-vontade com a dimensão do espectáculo. É também o mais convincente enquanto ilusionista. Woody Harrelson convence como mentalista, embora não abandone um certo pretensiosismo. Mark Ruffalo é um mero sustentáculo para as necessidades narrativas, atirando-se daqui para ali com agressividade ou com comicidade, às vezes dando ideia de que trouxe para o set a sua persona de Hulk de Os Vingadores. O trabalho da actriz francesa Mélanie Laurent, mais do que um caso de mau casting, é um produto de péssima escrita.  


Mestres da Ilusão, para bem dos seus pecados, consegue manter o espectáculo sem abusar da acção e utiliza inteligentemente o ilusionismo para proporcionar momentos de espanto e interrogação. Interessa mais como um espectáculo de magia e menos como um thriller. O problema não é concretamente de balanceamento, mas antes de paupérrima exploração do argumento. A ilusão não é tanta que torne o entretenimento tentador, nem o desacreditar vai tão longe que lhe deixe demasiado a desejar. Mestres da Ilusão menciona frequentemente que quanto mais perto se vê, menos se vê. Neste caso em concreto, quanto mais perto se pretender ver, menos se quererá ver.

CLASSIFICAÇÃO: 2,5 em 5 estrelas


Trailer:

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