domingo, 11 de agosto de 2013

Filme: Möbius - Laço Mortal (2013)

Möbius – Laço Mortal procura ser um drama sofisticado, mas é no princípio dramático mais simples que o seu modesto sucesso reside: na relação amorosa entre os seus protagonistas. Qualquer outra pretensão é sem fundamento.  

Quando Cherkachin (Vladimir Menshov) percebe que se pode tornar no próximo director do FSB, decidi destruir Rostovsky (Tim Roth), o magnata que o colocará lá. Para tal, incube o seu agente Gregory “Moïse” Lyubov (Jean Dujardin) para recolher informações sobre os negócios ilícitos de Rostovsky. Moïse cria um plano que envolve Alice (Cécile de France), uma brilhante analista financeira a trabalhar num dos bancos de Rostovsky.   

Prestar especial atenção no primeiro quarto de hora de Möbius – Laço Mortal é fundamental para compreender a narrativa, uma demasiado amarrada sobre si própria para o seu bem. A complexidade do mundo da espionagem nunca é dissuasora, mas quando emaranhada na linguagem intrincada de um mundo financeiro desconhecido do espectador comum arrisca tornar-se comprometedora. O realizador e argumentista Éric Rochant pretende extrair de Möbius – Laço Mortal algo muito mais sofisticado do que a estrutura sustenta, encontrando até na personagem de Alice uma responsável pela crise financeira que abalou a sociedade nos últimos anos, a que acresce a disputa política e histórica entre as agências secretas dos Estados Unidos e da Rússia, numa continuada guerra fria já mais para o morno.

A estrutura só não rui graças à encantadora e cheia de química ligação das personagens Moïse e Alice, cujos riscos num mundo carregado de segredos e contra-informações ajudam a moldar um relacionamento docemente complicado, destinado, mais cedo ou mais tarde, ao desastre. Os perigos da sedução numa envolvente onde todos mentem para sobreviver são inúmeros, mas Alice e Moïse, incapazes de resistir à sedução mútua, expõem-se ao seu mundo e ao espectador, residindo aqui o ponto de interesse de Möbius – Laço Mortal. O engrandecido foco no relacionamento de Moïse com Alice, passando para o plano acessório as perspectivas financeiras e de espionagem, aumenta eficazmente a intensidade na segunda metade do filme, alinhando correctamente todas as peças para um desfecho que, embora não necessariamente fechado, é ajustado à luz do mundo construído.     

Éric Rochant faz um trabalho decente atrás das câmaras, resistindo à fácil ostentação do luxo que por vezes contagia trabalhos sobre o mundo da espionagem, sobretudo quando filmado num local tão magnificente como o Mónaco indiscutivelmente é. Se Éric Rochant é puramente pragmático na sua captura da narrativa, não o é na forma como aborda o relacionamento entre Moïse e Alice, cujos momentos mais íntimos são capturados de uma forma tão constrangedora quanto arrebatadora. Éric Rochant extrai de Jean Dujardin e de Cécile de France duas representações aliciantes. Dujardin trabalha o sedutor sem dificuldade, criando uma espécie de James Bond russo mais terra-a-terra; do ponto de vista leigo, o seu russo parece muito bem treinado. Cécile de France cria uma Alice confiante, segura e inteligente; é deslumbrante e a câmara nunca se cansa da sua formosa figura feminina.   


Möbius – Laço Mortal não é o típico drama e as distintivas de thriller são até mais evidentes. Funciona na relativa maioria, sobretudo quando finalmente se convence que a sua história é muito mais sobre o complicado relacionamento de Moïse com Alice no mundo da espionagem do que exclusivamente sobre o mundo da espionagem com implicações financeiras. 

CLASSIFICAÇÃO: 3 em 5 estrelas


Trailer:

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